Este trabalho objetiva visibilizar o Jongo, expressão da cultura imaterial negra, a partir de pesquisa etnográfica realizada em Bananal-SP, cidade no Vale Histórico do Rio Paraíba do Sul, atualmente com cerca de 11 mil habitantes. A descrição sincrônica da vida cotidiana desta pequena cidade, construída a partir da observação etnográfica e do caderno de campo, possibilitou aos pesquisadores resgatar memórias do cativeiro e histórias de vida de algumas famílias negras, que guardam relatos importantes sobre nosso passado colonial. A sincronia do relato etnográfico foi questionada pela diacronia dos fatos históricos referentes ao povoamento da região, transformado pelo desenvolvimento das lavouras de café no Vale do Paraíba paulista, no início do Novecentos. Este trabalho é fruto da tese de doutorado “Um Divórcio entre Escola e Comunidade? Bananal-SP, um ‘laboratório a céu aberto’ no Vale Histórico do Rio Paraíba do Sul”. Para além dos muros da escola local, havia memórias, músicas e danças característicos das populações negras trazidas pela diáspora africana, tal como a antifonia do canto no Jongo, que revela sua herança cultural. Argumentamos que foram as altas taxas de famílias negras, historiograficamente confirmadas, que possibilitaram a manutenção da memória individual e coletiva dos africanos e afro-brasileiros na localidade. Essas memórias subalternas desvelam uma visão de mundo, além de manifestações culturais negras que resistiram às passagens dos séculos XIX, XX até o início do XXI. A cosmogonia, presente até hoje na cidade, dá particularidade histórica à identidade da população local e demonstra a diversidade cultural no estado de São Paulo
Referências
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