Por todo o país tem sido implementadas medidas comprometidas com a prevenção e o combate ao feminicídio. Muitas delas foram criadas ou contam com a participação das instituições de segurança pública. Ao mesmo tempo, pouca atenção tem sido dispensada para entender o comportamento desses profissionais em suas próprias famílias. Pesquisas realizadas em diversos países têm apontado como esses agentes por vezes utilizam de seu poder e ou do conhecimento policial para coagir seus familiares. A partir de um levantamento jornalístico, o artigo analisa 28 casos de mulheres que foram vítimas fatais de seus parceiros profissionais de segurança pública durante o ano de 2021 no Brasil. A análise demonstra que: (a) em metade dos casos analisados após o homicídio o agente cometeu suicídio, (b) a existência de vínculo afetivo anterior ou atual entre o agressor e a vítima, (c) a utilização de armas de fogo na maior parte das mortes, e (d) parte considerável dos casos traziam menções à episódios ou comportamentos violentos prévios.