Neste artigo, apresentamos o material etnográfico e nossas interpretações acerca dos significados que as pessoas em situação de privação de liberdade no Distrito Federal davam a suas experiências cotidianas, com especial foco nas situações, relatos e percepções desses atores sociais relacionados àquilo que classificamos como processos estruturais de exclusão discursiva no âmbito desse universo. Argumentamos que esses processos constituem um aspecto fundamental da experiência do encarceramento, que permite a invisibilização e perpetuação do quadro de violência institucional, desumanização e sistemática negação dos direitos dessas pessoas neste contexto. Essa realidade é, outrossim, reveladora da inferiorização de pessoas privadas de liberdade no plano da cidadania e da negação mesmo de sua condição de sujeitos de direitos.